Uma semana para celebrar
Olha que coincidência, as viagens e a desconexão sempre me trazem de volta a esse processo de escrita. Talvez isso remeta a um vício nas redes, uma grande necessidade de saber o que está acontecendo, mas isso é tema para outra conversa.
O fato é que não seria justo, depois dessas duas semanas, não falar sobre mim e sobre como as coisas vêm andando. Foram duas semanas muito proveitosas, nesse tempo tivemos: uma visita de minha mãe, uma viagem pra São Paulo, um show que tem me deixado mais torpe que qualquer substância que eu já tenha usado. Enfim, foram dias felizes.
A visita de minha mãe carregou menos atrito que o usual e isso é uma evolução grande. Sinto que estamos nos aproximando de nos comportarmos como dois adultos em convivência.
Sobre a experiência do show, não tenho palavras. Presenciar de perto uma pessoa que aprendeu a mostrar até onde pode ir a nossa capacidade de enxergar beleza: a aparência de olimpiana, as roupas, a voz potente única e quase de impossível reprodução, as luzes, a técnica musical dos back vocals: tudo pensando para chocar de tão bonito.
Ainda assim, o principal para mim surge de uma sutileza que só a subjetividade é capaz de trazer: foi perceber que sou capaz de ter me dado esse presente. Um grande lembrete de que a vida não é só trabalho, e é preciso colher os frutos das árvores que plantei antes que estes caiam podres aos porcos. Então é preciso fazer isso por mim sempre que possível.
Lógico que a neurose do merecimento sempre surge, e ela tem seu papel. Mas em algum momento é preciso aceitar ser feliz com o que se tem e até aceitar que não precisava doer mais do que já doeu para começar a usufruir.
Sobre essas duas semanas, poderia escrever muito mais, mas fico por aqui. Até porque o domingo é implacável e ele sempre volta, tocando suas trombetas para a anunciar que tudo sempre acaba, mas tudo também começa um dia e é necessário viver outra segunda feira e ceder à rotina, mas ciente de que nunca sou a mesma pessoa da semana anterior